segunda-feira, 26 de maio de 2008

Alguma coisa está fora da ordem

Belo Horizonte,
Segunda-feira,
19 de maio,
Teatro Marília,
Relato obscênico,
sob o ponto de vista do pesquisador/ator,
Saulo Salomão

Princípio da pesquisa: relatórios, dia da semana, o horário, a prática, a teoria, o lugar, os textos....

Reunimos para esse encontro como havia previamente combinado para essa segunda-feira do mês de maio. Daríamos prioridade para as seguintes ações: desenvolvimento e aprofundamento no estudo da “Dança Criativa” e algumas demandas burocráticas do trabalho.

Na semana anterior, foi ressaltado por alguns pesquisadores que seria necessário um maior rigor com a pesquisa do “não-representacional”, que tem sido o foco de trabalho do agrupamento obscênico.

Tivemos alguns ganhos nessa empreitada.

No que diz respeito à Dança Criativa como elemento colaborador da busca do não-representacional, que está sendo apropriada para servir de meio para esse trabalho, conseguimos uma conduta menos expressiva/representacional nessa semana. Damos início ao trabalho dentro da sala cheia de cadeiras, mesa e outros objetos que, em princípio, poderia levar a um lugar mais representacional.

A meu ver, ocorreu exatamente o contrário, pois nos tirou de uma seqüência de exercícios já codificados que estamos desenvolvendo e que teriam que ser realizados em um local previamente programado, como o palco, que já traz toda uma carga de informações que dificultaria a chegada nesse lugar almejado.

Já o uso da sala serviu para romper e para nos decodificarmos dos lugares comuns antes explorados, forçando-nos a trabalhar dentro de uma “novidade”: não seremos mais aqueles atores que se alongam no palco, realizam movimentos que o corpo está precisando e, sim, lidam com um lugar novo que não permitiria prévio planejamento para o uso do mesmo, uma organização de como lidar com aquele lugar, fortalecendo o aqui e agora, o não programado.

Em seguida, saímos em destino à goiabeira que fica no fundo do Teatro Marília, mais uma vez lidando com um lugar “ desconhecido”. Neste trabalho da dança criativa, encontramos com vários transeuntes do teatro. Tivemos que lidar com a chegada daquela massa de gente que descia dos ônibus e entravam no Marília e os obscênicos executando, junto a eles, sem imaginar que isso aconteceria. Foi realizado a dança criativa junto com aquele monte de gente que entrava sem perder a busca do não-representacional.

Já na goiabeira, demos continuidade no trabalho, talvez possa me faltar palavras para explicar o que aconteceu ali naquele momento, mas o que é notório é que chegamos mais perto deste lugar procurado.

Um ponto que distanciou realmente desta busca foi na etapa final do trabalho. Cada um fez uma “mostra” do seu estudo ali naquele dia, e, em alguns momentos, estabeleceu-se o lugar do espectador e do atuante, distanciando do objetivo. Que os pesquisadores, que optaram em fazer sua “mostra” no próprio lugar onde estava, possam servir de exemplo mais próximo da nossa busca do não-representacional.

_ Esclarecimento de algumas demandas burocráticas (impostos) do projeto “Texturas Femininas a Margem”

Alguns pontos, que estou pensando atualmente nesta pesquisa, estão fora da “ ordem”, do lugar, da dedicação, do pré-estabelecido:

_ A escrita refletindo e colocando “ações” dessa pesquisa
_ A postagem dos relatos
_ O rigor com o não-representacional
_ Que hora vou gozar? (onde aplicar a pesquisa individual?)

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